“Faixas Brancas Têm o Mesmo Poder de Carlos Gracie Jr.”

“Faixas Brancas Têm o Mesmo Poder de Carlos Gracie Jr.”

A lenda do jiu-jitsu brasileiro, Robert Drysdale, tornou-se um crítico ferrenho das mudanças na dinâmica das artes marciais, especialmente à medida que as tendências modernas, especialmente as mídias sociais, remodelam a forma como o Jiu-Jitsu é praticado e ensinado. Em entrevista recente, o multicampeão mundial e medalhista de ouro do ADCC compartilhou suas preocupações sobre a contínua transformação da arte à qual dedicou sua vida, destacando a tensão entre os valores tradicionais e as demandas da era moderna.

A maior preocupação de Drysdale é a “democratização” do jiu-jitsu brasileiro facilitada pelas redes sociais. “As redes sociais são, por natureza, concebidas para serem radicalmente democráticas”, explica ele, observando como estas plataformas nivelaram o campo de jogo, permitindo que os profissionais novatos – muitas vezes apenas no início da sua jornada – recebam a mesma atenção e respeito que os veteranos experientes. “Os faixas-brancas têm o mesmo poder de Carlos Gracie Jr, ou de qualquer cara da velha escola que treina há 50 anos”, ressalta Drysdale, enfatizando como essas plataformas romperam as hierarquias tradicionais dentro da comunidade das artes marciais.

Este “achatamento” de autoridade é mais do que apenas uma mudança na forma como a informação é disseminada; é um desafio aos próprios alicerces de respeito e hierarquia que governam as artes marciais há séculos. Segundo Drysdale, a facilidade com que novos praticantes ganham visibilidade nas redes sociais cria uma falsa sensação de equivalência, onde praticantes inexperientes acreditam que suas opiniões têm tanto peso quanto as dos veteranos mais respeitados do esporte. “Um faixa-branca chega com essa mentalidade, quer se elevar… minha opinião conta tanto quanto a do Rob. Não, não importa”, observa Drysdale, ressaltando a importância de conquistar respeito e conhecimento ao longo do tempo.

Além das redes sociais, Drysdale também vê uma mudança preocupante na abordagem do treinamento. Em sua academia Zenith BJJ em Las Vegas, ele enfatiza a importância de dominar os fundamentos por meio de uma abordagem baseada no wrestling. Esse foco na prática básica e consistente, argumenta ele, produz grapplers mais completos no longo prazo, mas está em desacordo com as técnicas chamativas e a gratificação instantânea que são cada vez mais populares no Jiu-Jitsu moderno. Embora essas técnicas chamativas possam proporcionar instruções divertidas, Drysdale acredita que o verdadeiro domínio vem de um trabalho árduo, muitas vezes menos glamoroso.

Essa ênfase no básico, no entanto, é difícil de sustentar no ambiente comercializado do Jiu-Jitsu atual. Drysdale aponta a tendência crescente de as academias se referirem aos seus alunos como “clientes” e não como praticantes, marcando uma mudança significativa na forma como as artes marciais são vistas e comercializadas. Esta comercialização, segundo Drysdale, tem contribuído para o aumento do individualismo no desporto, em detrimento do crescimento comunitário e colectivo.

“Você não pode chegar ao topo sozinho. O individualismo só vai funcionar – eu, eu, eu – você só pode ir até certo ponto”, afirma Drysdale, refletindo sobre sua própria carreira. Ele traça um forte contraste entre sua experiência no Jiu-Jitsu, onde foi apoiado por uma equipe muito unida, e sua passagem pelo MMA, onde o foco na conquista individual criou um clima de menos apoio. “Na minha carreira no Jiu-Jitsu, tive pessoas que me apoiaram e queriam que eu vencesse. No MMA, tinha pessoas ao meu redor que queriam que eu vencesse de diferentes maneiras”, lembra ele, ilustrando os benefícios de uma abordagem voltada para a equipe na promoção do sucesso.

As reflexões de Drysdale sobre a importância da comunidade vão além da experiência pessoal; ele considera as equipes de sucesso da região do Cáucaso modelos de excelência em esportes de combate. Estas equipas são conhecidas pelo seu forte sentido de lealdade e apoio mútuo, que Drysdale acredita serem fundamentais para desenvolver resistência técnica e mental. Sem um sistema de apoio sólido, os grapplers correm o risco de atingir um patamar, incapazes de atingir plenamente o seu potencial.

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Outra área onde Drysdale vê um declínio no Jiu-Jitsu moderno é a resistência em ser empurrado para fora da zona de conforto. “As pessoas só querem trabalhar naquilo em que são boas – isso é falta de disciplina”, argumenta, uma tendência que atribui a mudanças culturais mais amplas que dão prioridade ao entretenimento e à satisfação pessoal em detrimento da disciplina, do sacrifício e do respeito pelo processo. Essa resistência ao crescimento, acredita Drysdale, não apenas prejudica o aprimoramento técnico, mas também enfraquece a fortaleza mental necessária para se destacar no esporte.

Para Drysdale, a evolução do jiu-jitsu brasileiro é uma faca de dois gumes: embora a maior acessibilidade e visibilidade do esporte através das mídias sociais tenham ampliado seu alcance, elas também contribuíram para a perda dos valores tradicionais que tornaram a arte tão profunda no mundo. o primeiro lugar. Para o futuro do Jiu-Jitsu, Drysdale defende um retorno aos princípios que construíram o esporte – um foco nos fundamentos, respeito pela hierarquia e uma compreensão de que o verdadeiro domínio é conquistado ao longo do tempo, e não distribuído de forma fácil ou rápida.

À medida que o cenário do jiu-jitsu brasileiro continua a evoluir, os insights de Drysdale servem como um lembrete do delicado equilíbrio entre modernização e tradição – um equilíbrio que moldará o futuro do esporte para as gerações vindouras.

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