“Eu tenho que ser o pai deles…”

Marcelo Garcia recentemente falou em profundidade sobre sua batalha de um ano contra o câncer de estômago.

No início de 2023, Garcia anunciou seu diagnóstico, momento que deixou o mundo do grappling em estado de choque:

Eu estava tipo, tudo bem, então agora isso é uma coisa totalmente nova e não tenho ideia do que vai acontecer.
E eu estava apenas tentando descobrir.

Graças a Deus as coisas começaram a andar mais no meu caminho para me ajudar e descobrimos o câncer precocemente.

Para Garcia, conhecido por seu profundo amor pelo jiu-jitsu, não poder treinar ou ensinar durante o tratamento foi particularmente desafiador:

Tive um ano inteiro, muito louco.
Eu estava jogando muitos videogames naquele ano porque só precisava de tempo para passar.

Eu não me importava se estava perdendo tempo ou não. Eu simplesmente senti que precisava deixar o tempo passar.
O tempo só tem que passar rápido…

E eu fiz isso, mas ao mesmo tempo mal podia esperar para voltar a treinar.

Durante a batalha, Garcia passou por oito sessões de quimioterapia e passou por uma grande cirurgia para retirada do tumor, processo que alterou significativamente seu corpo:

Não foi nada divertido passar pelo tratamento. As quatro primeiras (sessões de quimioterapia) foram muito difíceis.
Os últimos quatro, nada terríveis.

E entre essas oito sessões de quimioterapia, acabei fazendo uma grande cirurgia.
Isso mudou muito a dinâmica dentro do meu corpo, do meu estômago, do meu esôfago.

No final de 2023, Garcia voltou aos tatames, ensinando em sua academia recém-inaugurada no Havaí. Ao longo de sua jornada, sua família – sua esposa, Tatiana, e seus dois filhos – continuou sendo sua maior motivação:

Não foi uma grande coisa lutar pela minha vida, você sabe.
E quando digo minha vida, não estou falando apenas de mim. Estou falando da vida do pai dos meus filhos.

Eu tenho que ser o pai deles. Preciso ficar aqui mais tempo e tentar dar a eles a melhor chance de crescerem como uma boa pessoa.

Quando finalmente foi liberado para treinar novamente, Garcia viu sua recuperação não apenas como uma vitória pessoal, mas como uma forma de sustentar sua família:

Posso saber o que me faz sentir melhor na minha vida – se posso proporcionar uma infância melhor à minha família.
Esse é o meu maior desejo.

Então, quando voltei a treinar, pensei, ok, agora posso dar uma vida melhor para minha família porque agora posso trabalhar todos os dias…
Foi difícil não conseguir trabalhar de verdade. Isso era realmente o que me batia todos os dias.