Quais são algumas das tendências técnicas que podemos esperar no grappling em 2025? Fizemos algumas suposições.
5 Tendências do Jiu-Jitsu para 2025
Com a chegada de 2025 e mais um ano empolgante para o mundo do grappling, vale a pena dar uma olhada no que está acontecendo e no que pode surgir no horizonte. Uma das partes mais interessantes do jiu-jitsu e do grappling é observar como posições e estratégias evoluem com o tempo, com movimentos que entram e saem de moda.
Um bom exemplo disso aconteceu em meados dos anos 2010, quando as finalizações nas pernas se tornaram muito mais comuns no grappling sem kimono, até se tornarem uma parte essencial do jogo. Desde então, vimos uma grande evolução na luta em pé, com atletas de grappling se tornando wrestlers muito mais competentes.
No jiu-jitsu com kimono, tivemos anos dominados pelo berimbolo, seguidos por muitas variações de guarda com lapela. Agora, estamos em uma era de domínio do jogo por cima, com passagens usando pegadas externas, pegadas cruzadas, variações como “crazy dog passing” e outras técnicas que impõem uma pressão segura, porém constante.
E o que vem a seguir? Analisamos o cenário atual e fizemos cinco previsões sobre as tendências que podem surgir:
1. Melhores Entradas na Guarda
Em ambos os estilos, vemos muitos jogadores de topo se saindo muito bem contra a guarda. Com estratégias de passagem externa e uma habilidade impressionante para escapar de posições desfavoráveis, jogadores de guarda estão tendo dificuldades para estabelecer posições fortes.
Com isso, está se tornando cada vez mais importante já cair em uma posição de guarda bem estruturada desde o início. Mica Galvão, por exemplo, raramente fica em uma posição neutra de guarda – quando ele toca o chão, já está em uma posição favorável para o próximo movimento.
No sem kimono, isso pode significar mais entradas explosivas com saltos para as pernas ou mais wrestling até conseguir um bom controle do tronco antes de puxar (por exemplo, pegada dupla por baixo ou controle de cabeça). No kimono, isso envolve tempo para estabelecer boas pegadas, desequilibrar o adversário e cair diretamente em uma guarda de ataque.
Em 2024, jogadores que puxavam rapidamente muitas vezes estavam em desvantagem. Em 2025, podemos ver essa dinâmica mudar.
2. Mais Duck Unders
Essa tendência é mais específica do sem kimono, já que o atrito do kimono dificulta a execução desse movimento. Em 2025, provavelmente veremos mais desse tipo de queda de wrestling sendo adaptada ao grappling.
O duck under é uma forma eficiente de chegar à posição favorita dos grapplers: as costas do adversário. Ele funciona bem em combinação com ataques nas pernas ou outros tipos de quedas.
Um atleta que já usa isso com maestria é Jay Rodriguez, que frequentemente utiliza pegadas duplas nos pulsos para atacar em ambas as direções. Com baixo risco de contra-ataques e uma grande chance de pegar as costas, o duck under é perfeito para as necessidades do jiu-jitsu.
Quem sabe alguém até consiga executar um super duck e viralizar com um clipe impressionante?
3. Mais Guarda Fechada Invertida
A guarda fechada invertida veio para ficar (por enquanto). Ainda não está claro se é apenas uma tendência passageira ou uma posição permanente, mas essa técnica certamente se destacou em 2024, com atletas como William Tackett, Owen Jones e Abe LaMontagne a utilizando com sucesso em competições importantes.
O que será interessante observar é a evolução das entradas para essa posição. Uma boa referência pode ser o que Jeff Glover fazia com a guarda do burro (donkey guard). Apesar do estilo performático, Jeff estava à frente de seu tempo e suas entradas em pé podem ser úteis hoje.
Outra possibilidade é a adoção do kani basami completo, em vez das variações mais comuns de meio kani ou entrada direta nas pernas.
4. Guarda Fechada com Envoltório de Peito (Chest Wrap)
Finalmente começamos a ver o chest wrap, um movimento tradicional do wrestling olímpico (usado por atletas como Kyle Dake e Abdulrashid Sadulaev), aparecer no grappling. Mica Galvão já mostrou sua eficiência contra adversários como Kody Steele e Jay Rodriguez.
A posição do front headlock já se tornou extremamente popular no sem kimono, e é provável que jogadores de guarda comecem a usar mais o chest wrap em 2025.
Uma vez que a cabeça do adversário está presa sob o peito, o chest wrap comprime o pescoço e força o oponente para frente. Tradicionalmente, é usado como defesa contra quedas, mas funciona muito bem em qualquer situação onde seja possível prender o front headlock.
Outro ponto positivo: a posição cria ótimas oportunidades para estrangulamentos d’arce e outros triângulos de braço, incluindo variações interessantes no estilo Dead Orchard, que têm surgido recentemente.
O Woj Lock Explode
Prevejo um grande ano para o Woj Lock, uma técnica popularizada por Chris Wojcik, do B-Team. O atleta, que já conquistou posições de destaque no ADCC, se tornou um excelente finalizador de pernas e desenvolveu um método para atacar o straight ankle lock (chave de tornozelo reta) a partir da posição 50/50, que tem gerado resultados impressionantes.
Em vez de usar a pressão tradicional no tornozelo ou tendão de Aquiles, Chris adota uma pegada mais parecida com a chave Aoki, forçando o tornozelo em uma posição dobrada para obter o tap out.
Esse movimento tem ganhado cada vez mais espaço em academias de no-gi que acompanham as tendências mais modernas, e acredito que veremos o Woj Lock aparecendo consistentemente ao longo do ano, possivelmente também no jiu-jitsu com kimono.
Esperamos ver o próprio Chris em mais oportunidades de alto nível, onde ele poderá exibir com maestria a técnica que leva seu nome.