

- O tenente da Polícia Militar Henrique Velozo divulgou um vídeo público de desculpas à família do campeão brasileiro de jiu-jitsu Leandro Lo após sua polêmica absolvição.
- A absolvição do tiroteio de Leandro Lo ocorreu depois que um júri de São Paulo aceitou sua alegação de legítima defesa sobre o assassinato em uma boate em 2022.
- A mãe de Lo, Fátima, condenou o veredicto como injusto e está a preparar um recurso, apontando para provas médicas e visuais que, segundo ela, contradizem a história do agente.
- O pedido de desculpas – entregue enquanto Velozo ainda insiste que “preservou” sua vida – apenas aprofundou a indignação e o debate em toda a comunidade global de Jiu-Jitsu.
How The Leandro Lo Shooting Unfolded At Clube Sírio Nightclub
Antes da absolvição do tiroteio de Leandro Lo e do pedido de desculpas do policial, houve o confronto de 7 de agosto de 2022 que encerrou uma das maiores carreiras competitivas do jiu-jitsu brasileiro.
Eight-time world champion Leandro Lo, 33, was at a music event inside the Clube Sírio in São Paulo’s Indianópolis neighborhood when an encounter with off-duty military police officer Henrique Otávio Oliveira Velozo escalated.
Segundo os promotores, Velozo se aproximou da mesa onde Lo estava sentado com amigos e provocou um confronto. A situação tornou-se física quando Lo, um célebre campeão brasileiro de jiu-jitsu, usou uma contenção para controlar o oficial.
Depois de ser libertado, os promotores dizem que Velozo voltou, disparou um único tiro na cabeça de Lo e até o chutou após puxar o gatilho. Lo foi levado às pressas para o hospital, mas não sobreviveu.
A defesa sempre pintou um quadro radicalmente diferente do tiroteio de Leandro Lo. A assessoria jurídica de Velozo argumentou que ele foi confrontado pelo grupo de Lo, empurrado por um dos companheiros do campeão e derrubado.
Eles afirmam que após se identificar como policial e sacar sua arma de fogo, ele enfrentou Lo avançando novamente enquanto outra pessoa tentava agarrar a arma, ocasionando o tiro fatal.
Essas narrativas concorrentes – emboscada versus autodefesa desesperada dentro da boate Clube Sírio – prepararam o cenário para um julgamento que tomaria conta do Brasil e de todo o mundo do grappling.
Por dentro do tribunal da Barra Funda e a absolvição do tiroteio de Leandro Lo
Mais de três anos depois do assassinato, o caso chegou ao júri do Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. Ao longo de três dias de depoimentos, um painel de cinco mulheres e dois homens ouviu nove testemunhas, incluindo amigos de Lo, uma testemunha de defesa, e o próprio Velozo.
Os promotores pressionaram por uma condenação por acusações de homicídio triplamente qualificado, citando motivos básicos, métodos traiçoeiros e emboscada, com uma sentença solicitada de pelo menos 20 anos.
Apesar disso, pelo menos quatro jurados apoiaram o argumento do policial de que ele agiu para proteger a própria vida.
A absolvição de Leandro Lo pelo tiroteio foi lida pela juíza Fernanda Jacomini, do 1º Tribunal do Júri, permitindo que Velozo saísse em liberdade após mais de três anos e três meses de prisão no presídio militar Romão Gomes.
O advogado de defesa Cláudio Dalledone Jr. saudou o resultado em termos enfáticos:
A justiça prevaleceu e a arbitrariedade foi deixada de lado
– Cláudio Dalledone Jr. –
Do outro lado, a indignação foi imediata. O promotor principal, João Carlos Calsavara, descreveu o julgamento como “complicado” e apontou o que considerou falhas graves, afirmando sua crença de que o veredicto poderia ser anulado em recurso.
A decisão do júri, a reintegração de Velozo à polícia e o veredicto de Henrique Velozo como um todo já deixaram o mundo do Jiu-Jitsu nervoso. O próximo passo do oficial – um vídeo público de desculpas – nunca iria pousar em território neutro.
Família Lo preparada para apelar
A mãe de Lo, Fátima Lo, deixou sua posição bem clara horas após a absolvição do tiroteio de Leandro Lo.
Vamos recorrer, sim, porque não houve justiça
– Fátima Lo –
Falando em uma emocionante mensagem de vídeo, ela descreveu o veredicto como um reviver da morte de seu filho:
Ontem enterrei o Leandro pela segunda vez
– Fátima Lo –
Fátima prometeu um apelo à família Lo, argumentando que provas cruciais foram mal utilizadas ou deturpadas. Ela apontou resultados médicos que não mostram ferimentos no corpo de Velozo, o que ela acredita minar sua narrativa de autodefesa.
A sua frustração estende-se ao que ela vê como um sistema que permite aos arguidos construir uma história ao longo do tempo:
O réu pode mentir, o sistema de justiça permite que o réu minta. Então ele mentiu muito. Ele inventou ali sua história, guiado por sua defesa.
– Fátima Lo –
Os promotores ecoam suas preocupações, destacando questões processuais e prometendo buscar caminhos para contestar o veredicto de Henrique Velozo. Enquanto isso, o mundo do Jiu-Jitsu reagiu com raiva visível.
Os relatórios descrevem uma comunidade global “chorando” com a família e furiosa com o que muitos consideram impunidade após a morte de um talento geracional.
Veredicto de Henrique Velozo, pedido público de desculpas e o que a justiça significa para o Jiu-Jitsu
Contra esse pano de fundo, a recente mensagem de vídeo de Velozo – a primeira grande declaração pública sua desde a sua absolvição – caiu como uma granada. Nele, o oficial se dirige diretamente aos entes queridos e apoiadores de Lo:
Preciso fazer um pedido de perdão aos familiares, à mãe, ao pai, à irmã, aos amigos, e a todas as pessoas que amaram Leandro Lo
– Henrique Velozo –
Ele observa que passou “três anos e três meses” encarcerado aguardando julgamento, enquadrando o veredicto como o culminar de uma longa provação. Mas, ao mesmo tempo, ele reitera sua afirmação de que foi encurralado naquela noite.
Fui colocado num limite, um limite que não gostaria de estar, onde infelizmente tive que sujar as mãos de sangue para poder preservar a minha vida
– Henrique Velozo –
Para os críticos da absolvição do tiroteio de Leandro Lo, esse enquadramento é exatamente o problema. O pedido de desculpas reconhece a família de Lo e a dor dos seus apoiantes, mas não admite irregularidades.
Em vez disso, reforça a história de legítima defesa que a família Lo e a promotoria insistem ser incompatível com as provas apresentadas no Fórum Criminal da Barra Funda.
Na comunidade do Jiu-Jitsu, a reação tem sido crua. Muitos veem os oito títulos mundiais de Lo e o status de um dos maiores competidores do esporte como parte de um legado que merece mais do que o que consideram uma vitória técnica no tribunal para um agente estatal.
Para o Jiu-Jitsu brasileiro, essa história não será apenas mais uma manchete de fora dos tatames. É um teste à forma como uma comunidade global unida responde quando questões de violência, policiamento e responsabilização colidem com a morte de um dos seus maiores defensores – e quando o único encerramento oficial surge na forma de um veredicto e um pedido de desculpas que muitos simplesmente não conseguem aceitar.
Nesse sentido, a absolvição de Leandro Lo continuará ecoando muito além do tribunal, muito depois de as câmeras pararem de repetir as palavras de Velozo.




