Rickson Gracie explica como evitar brigas na rua: “Vencer é ir embora”

Rickson Gracie explica como evitar brigas na rua: “Vencer é ir embora”

Como artistas marciais, frequentemente nos deparamos com pessoas agressivas que nos ameaçam verbal ou fisicamente. É importante saber a diferença entre um insulto como “F-You” e uma ameaça “Vou te dar uma surra”.
Os insultos devem ser ignorados, mas as ameaças são mais graves e são muitas vezes uma indicação de violência iminente. É por isso que devemos lidar com ameaças verbais com muita seriedade.

Rickson Gracie conversou com Jean Jacques Machado sobre como ele lida com pessoas rudes ou agressivas que gritam com ele ou o ameaçam na rua.

Ele contou a história, da época, que tinha acabado de sair da academia após o treino e estava indo surfar com seu irmão Royler Gracie e foi gritado e insultado por um taxista furioso.

Rickson optou por seguir o caminho certo e pedir desculpas ao taxista que havia gritado com ele alguns segundos antes. Royler perguntou por que ele fez isso e Rickson respondeu:

“Cara, acabamos de terminar o treinamento. Estou de bom humor. Esse cara é gordo, careca e infeliz. Por que eu iria espancá-lo apenas por um insulto verbal? Apenas deixe para lá.

Royler continuaria dizendo que esta foi a lição mais importante que ele já aprendeu com Rickson.

Rickson Gracie, uma figura lendária do Jiu-Jitsu Brasileiro, refletiu recentemente sobre o trágico falecimento do campeão mundial Leandro Lo para enfatizar uma lição vital sobre a distinção entre ser um atleta e ser um verdadeiro artista marcial. Durante uma discussão no podcast, Gracie destacou como a humildade, o autocontrole e a capacidade de diminuir conflitos estão no cerne do domínio das artes marciais, diferenciando-o da mera habilidade física. Lo, oito vezes campeão mundial e reverenciado na comunidade de Jiu-Jitsu, perdeu tragicamente a vida após uma briga em uma boate de São Paulo por causa de uma disputa aparentemente trivial. Este evento, segundo Rickson, serve como um alerta sobre os perigos do ego e da emoção descontrolada.

“O campeão deveria saber mais sobre artes marciais – ele é muito atleta, mas não é um artista marcial”, refletiu Gracie. Para Rickson, a verdadeira arte marcial vai além de dominar nos tatames; envolve a capacidade de prever e contornar situações perigosas, utilizando a humildade e a compostura como ferramentas para a resolução de conflitos. “Vencer sem lutar costuma ser a melhor escolha”, afirmou. “Às vezes, apenas pedir desculpas pode evitar uma situação perigosa. Um verdadeiro artista marcial tem a sabedoria de ver o perigo potencial e ir embora.”

Rickson elaborou ainda mais sobre as armadilhas do comportamento movido pelo ego, contrastando atletas que muitas vezes buscam validação por meio do domínio físico com verdadeiros artistas marciais que priorizam a contenção e o autodomínio. “Os atletas podem ficar presos na necessidade de provar que são melhores, mais fortes e mais rápidos. Mas essa mentalidade pode levar a confrontos desnecessários”, alertou. Segundo Gracie, a trágica incapacidade de Lo de acalmar a situação demonstra a linha tênue entre a confiança e o excesso de confiança, com consequências fatais. “Às vezes é preciso lutar para vencer, mas às vezes vencer significa ir embora sem lutar”, enfatizou Gracie.

Gracie também incentivou os instrutores e a comunidade mais ampla de artes marciais a incutir os valores de humildade, disciplina e prevenção de conflitos em seus alunos. “Quando você tem poder, não precisa demonstrá-lo. Quando você tem confiança, não precisa provar nada”, finalizou. Suas reflexões sobre a morte de Lo e os procedimentos legais em andamento em torno do incidente destacam as complexidades e responsabilidades de ser um artista marcial. O caso, envolvendo um policial militar, continuou a repercutir no Brasil e no mundo das artes marciais, gerando tristeza e apelos por uma maior conscientização em torno da gestão de conflitos.

Na opinião de Gracie, as verdadeiras artes marciais são um caminho para o crescimento pessoal, a humildade e a paz – não apenas para a competição. Embora o próprio Rickson já tenha se envolvido em rivalidades que testaram seu orgulho, sua filosofia evoluída serve como um lembrete de que a forma mais elevada de força não está em lutar, mas em abandonar uma batalha que não precisa ser travada.

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