Escrito por Gile Huni., faixa preta de 3º grau de Jiu-Jitsu e instrutor principal da Kimura BJJ Sérvia
No Jiu-Jitsu Brasileiro, onde a reputação e os elogios muitas vezes podem ofuscar o desempenho real, desenvolvi uma abordagem não convencional: nunca pesquiso detalhadamente meus oponentes antes das competições. Esta estratégia pode parecer contra-intuitiva, mas provou ser a pedra angular do meu sucesso. Veja por que ignorar a reputação do seu oponente pode mudar o jogo.
Reputação vs. Realidade
Muitos competidores caem na armadilha de superestimar seus oponentes com base em seus títulos ou conquistas anteriores. Mas elogios não garantem superioridade no tatame. Os títulos apenas reflectem oportunidades – quem competiu em que eventos, em que condições e contra que adversários. Eles não são uma medida definitiva de habilidade.
Ao não me fixar nas conquistas do meu oponente, continuo focado na execução do meu plano de jogo. Já enfrentei e derrotei campeões mundiais e europeus sem saber de antemão as suas credenciais. Se eu tivesse pesquisado suas realizações, poderia ter entrado nessas lutas me sentindo intimidado, questionando minhas habilidades antes mesmo de a luta começar.
O poder do foco
Para mim, a chave do sucesso está em manter os pés no chão e impor o meu jogo desde o início. Meu sistema “Sloth Jiu-Jitsu” foi projetado para me dar controle, independentemente do estilo ou dos elogios do meu oponente. Não desperdiço energia tentando ajustar minha abordagem com base em quem eles são; em vez disso, trago a luta para meu domínio e executo meu plano.
Uma compreensão geral das tendências de um oponente – como se ele favorece a guarda ou a passagem – é tudo de que preciso. O resto é irrelevante até o início da partida. Dessa forma, entro em cada luta com clareza e propósito, sem ser obscurecido por análises excessivas ou medo de sua reputação.
Surpresas no tapete
Algumas das minhas melhores atuações aconteceram contra adversários que eu conhecia pouco. Depois das partidas, muitas vezes fico surpreso ao saber que a pessoa que acabei de vencer era um competidor condecorado – um campeão mundial ou medalhista do Pan. Saber disso de antemão pode ter afetado minha mentalidade, criando pressões ou dúvidas desnecessárias.
Por outro lado, também fui derrotado por concorrentes que, no papel, pareciam inferiores a mim. Essas experiências me ensinaram que nenhuma luta é decidida até acabar. Um competidor menos conhecido, com estratégia e determinação sólidas, pode superar até os faixas-pretas mais experientes.
A lição: concentre-se no seu jogo
O que acontece no tatame é tudo que importa. Pesquisar detalhadamente os oponentes geralmente cria distrações, pensamentos excessivos ou até mesmo medo. A melhor maneira de se preparar é aprimorar seu próprio jogo a ponto de funcionar contra qualquer um. Ao focar nos meus pontos fortes e executar o meu plano, consegui superar concorrentes de todos os níveis.
Então, da próxima vez que você pisar no tatame, lembre-se disto: a reputação deles não importa. Seus títulos não lutam por eles. Mantenha-se fiel ao seu estilo, imponha o seu jogo e deixe os resultados falarem por si.
Preguiça Jiu-Jitsu: você pode ser lento e pouco atlético e ainda assim arrasar no Jiu-Jitsu.