“O Boxe é Incompleto, o Jiu-Jitsu une as Artes Marciais”

“O Boxe é Incompleto, o Jiu-Jitsu une as Artes Marciais”

Em uma discussão convincente no podcast de Jake Shields, Royce Gracie, uma das figuras mais influentes na história das artes marciais mistas, compartilhou seus insights sobre as limitações e pontos fortes de várias artes marciais. Abordando um debate de longa data, Gracie enfatizou que o Jiu-Jitsu Brasileiro não descarta o boxe ou outras artes marciais, mas critica suas limitações quando praticadas isoladamente. Seu argumento ressaltou o papel do Jiu-Jitsu como elemento unificador nas artes marciais mistas modernas.

Boxe: eficaz, mas limitado

“O boxe não vale nada – é incompleto”, comentou Gracie durante o podcast, explicando como as regras do boxe limitam sua eficácia em situações reais de combate. Ele destacou que no boxe os clinches são quebrados pelos árbitros, o que atrapalha artificialmente o andamento natural da luta. Isto, argumentou Gracie, ilustra a incompletude do boxe e não a sua ineficácia.

A perspectiva de Gracie reconhece o valor do boxe como disciplina, mas sublinha a sua necessidade de complementação por outras habilidades, especialmente em cenários sem aplicação de regras. Ele estendeu essa crítica também a outras artes marciais tradicionais.

As deficiências dos estilos singulares

“Todos os estilos individuais de artes marciais, incluindo luta livre, caratê e taekwondo, são incompletos por si só”, afirmou Gracie. Ele argumentou que separar os estilos em silos cria lacunas significativas nas capacidades de um lutador. Usando o wrestling como exemplo, ele observou: “Depois que você imobiliza o cara, a luta para, mas e se não houver imobilização? E se continuar? Eles não sabem como terminar.”

As observações de Gracie refletem a realidade de que muitas artes marciais tradicionais se concentram em aspectos específicos do combate – seja golpes, agarramentos ou quedas – sem abordar todos os cenários potenciais de uma luta real.

Jiu-Jitsu Brasileiro: a espinha dorsal das artes marciais

De acordo com Gracie, o Jiu-Jitsu está em uma posição única para preencher as lacunas entre os estilos. “O Jiu-Jitsu brasileiro serve como a ‘espinha dorsal’ que conecta todas as artes marciais”, explicou. Ao contrário de outras disciplinas que se concentram em uma fase do combate, o Jiu-Jitsu equipa os praticantes com as ferramentas para lidar com golpes, quedas e lutas no solo. Essa abordagem holística, argumentou Gracie, é o que torna um artista marcial completo.

A perspectiva de Gracie ressoa fortemente com a evolução das artes marciais mistas (MMA), onde os lutadores não podem mais depender apenas de uma única disciplina. Em vez disso, os competidores mais bem-sucedidos integram trocação, wrestling e grappling em um conjunto coeso de habilidades, um conceito popularizado pelo próprio Gracie durante os primeiros dias do UFC.

Legado do Jiu-Jitsu no MMA

As performances inovadoras de Royce Gracie no UFC durante a década de 1990 mostraram o domínio do Jiu-Jitsu sobre as artes marciais de disciplina única. Seu sucesso demonstrou a necessidade do grappling e da luta de solo em um esporte que inicialmente colocava praticantes de estilos diferentes uns contra os outros. Sua crença de que o Jiu-Jitsu é a espinha dorsal do MMA é reflexo de sua própria trajetória e da evolução do esporte como um todo.

No podcast, a mensagem de Gracie foi clara: nenhuma arte marcial vale nada, mas nenhuma é completa por si só. Ao adotar uma abordagem multidisciplinar tendo o Jiu-Jitsu Brasileiro como núcleo, os lutadores podem alcançar um nível de adaptabilidade e eficácia que transcende as limitações dos estilos individuais.

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