Kron Gracie recentemente causou polêmica na comunidade do Jiu-Jitsu brasileiro ao mirar em praticantes que se recusam a treinar com o kimono tradicional. Como membro da lendária família Gracie, a voz de Kron tem peso, e suas críticas aos praticantes que só usam kimono reacenderam debates sobre o valor do treinamento com kimono. Gracie foi às redes sociais, fazendo comentários provocativos sobre aqueles que se concentram apenas no kimono, afirmando: “Caras que só treinam sem kimono são os mesmos caras que ficariam bêbados, ficariam com seus amigos e diriam que não são gays. E provavelmente usariam uma pochete transversal.” Esta declaração ousada reflete sua frustração com a crescente popularidade do BJJ sem kimono em relação ao formato mais tradicional de kimono.
A ascensão do BJJ sem kimono tem sido rápida e inegável nos últimos anos, capturando a atenção de atletas e espectadores. Gordon Ryan, uma das figuras mais dominantes do no-kimono, previu um futuro em que as competições de kimono podem acabar nos níveis mais altos. “Acho que veremos uma eliminação gradual do kimono”, disse ele, enfatizando a natureza dinâmica e fisicamente intensa do grappling sem kimono. Ryan, como muitos entusiastas do no-kimono, acredita que esse estilo de ritmo mais rápido oferece uma vantagem mais emocionante e competitiva, o que contribuiu para seu crescente apelo.
Apesar dessa mudança, muitos praticantes de BJJ ainda veem valor no treinamento de kimono. Craig Jones, um famoso competidor sem kimono, admite que, embora o kimono possa não ser necessário, ele ensina habilidades importantes que podem melhorar a técnica geral. Ele destacou os benefícios de certas técnicas específicas de kimono, como as proteções spider e lasso, que ajudam a desenvolver a mobilidade do quadril e a retenção da guarda. Da mesma forma, Keenan Cornelius, conhecido por seu trabalho inovador no jiu-jitsu de kimono, descreveu com humor o sem kimono como “uma versão simplificada do kimono para pessoas com menos poder cerebral”, mas reconheceu sua crescente popularidade.
Eddie Bravo, um pioneiro do jiu-jitsu sem kimono, tem uma visão mais polarizada sobre o assunto. Embora admita que fica “entediado assistindo coisas de kimono”, ele ainda respeita a disciplina, reconhecendo que o ritmo rápido do no-kimono o torna mais envolvente para os espectadores. Esse apelo ao espectador é uma das principais razões pelas quais o no-kimono ganhou tanta força nos últimos anos.
Apesar do crescente ímpeto por trás do no-gi, muitos praticantes estão comprometidos em preservar a tradição do jiu-jitsu de kimono. Mica Galvão, uma jovem estrela em ascensão em competições de kimono e sem kimono, vê um futuro onde ambos os estilos coexistem. Galvão acredita que, embora o no-gi seja mais acessível aos novatos, o kimono sempre terá significado cultural e tradicional no esporte. Felipe Pena, outra voz proeminente no debate, sugere que organizações como a IBJJF (International Brazilian Jiu-Jitsu Federation) têm um papel a desempenhar na manutenção da proeminência das competições de kimono. Ao oferecer maiores recompensas financeiras para atletas de kimono, ele argumenta, a IBJJF poderia ajudar a manter o jiu-jitsu de kimono competitivo diante da crescente popularidade do no-gi.
Enquanto a comunidade do BJJ debate o futuro do treinamento com kimono versus sem kimono, fica claro que o esporte está em um período de transição. O sem kimono, com seu ritmo rápido e apelo a um público mais amplo, ganhou força, mas o formato tradicional com kimono continua a oferecer desafios e habilidades únicas que muitos praticantes valorizam. Os comentários francos de Kron Gracie garantiram que a conversa permanecesse na vanguarda da evolução do esporte. Se o kimono vai desaparecer no fundo, como Gordon Ryan prevê, ou manter sua posição por meio de esforços de organizações como a IBJJF, ainda é incerto. Por enquanto, o esporte parece pronto para evoluir com espaço para ambos os estilos prosperarem.