“As mulheres não eram valorizadas na família (Gracie), eram proibidas de treinar”

“As mulheres não eram valorizadas na família (Gracie), eram proibidas de treinar”

Neta de Robson Gracie – e sobrinha de Ralph, Ryan e Renzo Gracie – Kyra Gracie cresceu em uma família conservadora no Rio de Janeiro, onde as artes marciais eram consideradas domínio masculino.

Apesar da oposição inicial dos tios e primos, ela seguiu em frente com sua paixão pelo Jiu-Jitsu.
Aqui está o que ela disse em conversa recente com o MMA Fighting:

Tive que lutar para poder lutar, porque quando decidi ser lutadora, minha família falou: “Kyra, esquece, mulher não é para fazer isso, vai fazer outra coisa. Nós protegeremos você.”
Sempre foi assim.

“Você tem muitos tios e primos, nós protegeremos você.”

Quando você mora em um lugar onde repetem isso indefinidamente, você acaba acreditando nisso.
Eu era aquela pessoa que acreditava que só os homens poderiam chegar a algum lugar na luta.

A própria mãe parou de praticar Jiu-Jitsu pelos mesmos motivos:

Ela chegou à faixa azul e depois teve que parar.
Ela foi proibida de treinar pelos meus tios porque esse não era o caminho ideal para uma mulher.

E quando vi minha mãe desistir pensei: “Caramba, será que tenho que parar também? Mas eu gosto muito disso. O que eu faço agora?”

Mas eu era muito jovem, tinha 12, 13 anos, e eles pensaram que eu acabaria desistindo no meio do caminho.

Kyra explicou como era antes o processo de ser mulher na família Gracie:

As mulheres não eram valorizadas dentro da família.
Primeiro eles são proibidos (de treinar), e depois se você ganhar é tipo: “Legal”.

Mas se um homem ganhar: “Nossa, que legal, ele deveria representar a família. O grande campeão.”
Não houve muito incentivo.

E então você vai para as competições.
Enquanto os homens ganhavam US$ 50 mil como campeões naquela época, as mulheres ganhavam US$ 2 mil.

Isso nem pagou pelos meus suplementos.

Isso apenas motivou Kyra a continuar treinando.
Hoje ela é a primeira mulher faixa-preta de Jiu-Jitsu da família Gracie:

Sou a única mulher a dirigir uma escola de Jiu-Jitsu no Brasil.

Ainda bem que continuei, porque quando você tem uma mulher em um lugar de poder, independente da área, você inspira outras mulheres.

Vejo muitas mulheres treinando Jiu-Jitsu agora, vejo suas filhas treinando Jiu-Jitsu.
Meninas que são autoconfiantes, que olham nos olhos e sabem falar.

Isso é mais importante que o Jiu-Jitsu, porque dá autoconfiança.

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