Um relato angustiante compartilhado no Reddit pelo Dr. Dustin Roberts, um ex-praticante de Jiu-Jitsu brasileiro, repercutiu na comunidade de luta livre, lançando luz sobre a cultura da academia, a responsabilidade e os riscos envolvidos no treinamento.
Roberts, faixa-azul, contou um incidente ocorrido em 2022 durante uma aula para iniciantes na Keenan Cornelius Legion Jiu-Jitsu, em San Diego. A história gira em torno de uma técnica de recuo alto executada por um faixa roxa, que deixou Roberts com lesões na coluna vertebral que alteraram sua vida, encerrando sua jornada no jiu-jitsu e impactando sua vida diária.
O Incidente
Em sua longa postagem no Reddit, Roberts descreveu como um colega praticante o abordou para uma transmissão ao vivo poucos minutos após o aquecimento da aula. Apesar da hesitação inicial, Roberts concordou, acreditando que seria uma sessão leve de aquecimento. No entanto, ele afirma que a rolagem aumentou rapidamente, culminando em uma reviravolta devastadora que o deixou inconsciente e gravemente ferido.
“Acordei e ele estava olhando profundamente em meus olhos com um enorme sorriso de orelha a orelha”, escreveu Roberts. Mais tarde, ele percebeu que o movimento, que ele conhecia como “spiking” desde os tempos de luta livre no ensino médio, tinha como alvo direto sua coluna. Essa técnica, considerada altamente perigosa e muitas vezes proibida nos esportes de luta livre, deixou-o com problemas permanentes nas costas.
Um padrão de agressão
O incidente não foi isolado, segundo Roberts. Desde que compartilhou sua história, ele afirma ter recebido mensagens de pessoas de outras academias de San Diego que passaram por tratamento semelhante do mesmo praticante. O indivíduo, agora faixa-marrom e supostamente conectado à Legião por meio de relacionamentos pessoais, supostamente tem um histórico de rolar agressivamente e ferir outras pessoas.
Roberts acusou Legion de não abordar o problema de maneira adequada, afirmando: “Eles me culparam e encobriram o que foi mencionado acima. Eles queriam varrer isso para debaixo do tapete.”
Uma cultura de culpa?
Roberts expressou frustração com a resposta da Legion Jiu-Jitsu, alegando que a academia atribuiu a ele a responsabilidade pelo incidente por pisar nos tatames e concordar em rolar com alguém conhecido por seu comportamento rude. Essa aparente falta de responsabilidade e transparência o deixou desiludido não apenas com a academia, mas também com a comunidade do jiu-jitsu em geral.
Implicações para a Arte Suave
A história de Roberts levanta questões sobre a cultura em evolução no Jiu-Jitsu brasileiro, que tradicionalmente enfatiza a honra, o respeito e a segurança. “A arte suave não é mais o que costumava ser”, lamentou ele, citando um foco cada vez maior no dinheiro, no ego e na agressividade em relação aos valores que outrora definiram o esporte.
Chamada para responsabilidade
A postagem gerou amplo debate na comunidade do jiu-jitsu. Muitos pediram uma supervisão mais rigorosa das práticas de ginásio e uma maior responsabilização dos praticantes que, intencionalmente ou imprudentemente, ferem os seus parceiros de treino. Roberts espera que sua história sirva como um alerta e leve a mudanças significativas na forma como as academias lidam com incidentes dessa natureza.
Quanto ao Legion Jiu-Jitsu, a academia ainda não respondeu publicamente às denúncias. Enquanto isso, Roberts continua a lidar com as consequências físicas e emocionais do incidente, compartilhando sua história para alertar outras pessoas e defender um ambiente de treinamento mais seguro.
“Que vergonha, amigo, por todas as pessoas que você explodiu”, concluiu Roberts. “Pare de machucar as pessoas de propósito e mostre algum respeito ao seu clube, ao esporte e aos outros.”
O incidente serve como um forte lembrete da confiança depositada nos parceiros de treino e da necessidade de vigilância na manutenção da segurança nos tatames.