“A diferença entre um atleta e um verdadeiro artista marcial”

“A diferença entre um atleta e um verdadeiro artista marcial”

Em recente discussão refletindo sobre os princípios do verdadeiro domínio das artes marciais, Rickson Gracie, figura lendária do Jiu-Jitsu brasileiro, lançou luz sobre o trágico falecimento do campeão mundial Leandro Lo. A conversa de Gracie, apresentada no podcast Order of Man, focou na importância da humildade e do controle emocional nas artes marciais, contrastando-a apenas com a habilidade física. Ele chamou a atenção para os perigos dos confrontos motivados pelo ego, usando a história comovente de Lo para ilustrar a necessidade de moderação e sabedoria.

Leandro Lo, reverenciado como um dos maiores campeões de Jiu-Jitsu com oito títulos mundiais, foi morto a tiros em uma boate de São Paulo, Brasil, após uma disputa aparentemente trivial por causa de uma garrafa. Gracie contou o incidente como um conto de advertência, explicando: “O campeão deveria saber mais sobre artes marciais – ele é um atleta demais, mas não é um artista marcial”. Na sua opinião, a verdadeira arte marcial envolve a capacidade de diminuir a escala e afastar-se de situações potencialmente perigosas.

“Vencer sem lutar costuma ser a melhor escolha”, disse Gracie. “Às vezes, apenas pedir desculpas pode evitar uma situação perigosa. Um verdadeiro artista marcial tem a sabedoria de ver o perigo potencial e ir embora.” De acordo com Gracie, a incapacidade de Lo de prever a escalada mortal de uma simples provocação destacou a diferença entre a destreza física e a sabedoria mais profunda das artes marciais. “Às vezes é preciso lutar para vencer, mas às vezes vencer significa ir embora sem lutar”, enfatizou Gracie, ressaltando a distinção entre atletas e artistas marciais.

Rickson comparou esta abordagem com a dos atletas que muitas vezes buscam validação através de suas proezas físicas. “Os atletas podem ficar presos na necessidade de provar que são melhores, mais fortes e mais rápidos. Mas essa mentalidade pode levar a confrontos desnecessários”, alertou.

Para Rickson, a essência das artes marciais é o domínio de si mesmo. “Ser um artista marcial é ter a capacidade de evitar uma briga, de manter a paz e de ser humilde mesmo quando você sabe que pode vencer um confronto”, disse ele. Gracie concluiu incentivando os artistas marciais a usarem suas habilidades com responsabilidade: “Quando você tem poder, não precisa demonstrá-lo. Quando você tem confiança, não precisa provar nada.”

Gracie alertou ainda sobre os perigos do ego e do excesso de confiança, apontando que mesmo os lutadores mais habilidosos podem ser vítimas de violência quando as situações ficam fora de controle. “Se o campeão tivesse escolhido uma forma pacífica de lidar com a situação, as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas os grandes egos às vezes levam as pessoas a acreditar que são invencíveis, o que pode levar a consequências terríveis”, disse ele. Suas palavras servem como um lembrete sério de como uma única decisão, alimentada pelo orgulho ou pela emoção, pode ter resultados devastadores.

Leandro Lo e o policial que o assassinou

Os trágicos acontecimentos em torno da morte de Lo continuam a repercutir no Brasil e no exterior. Lo foi morto a tiros pelo policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo após um confronto em um show de pagode. O incidente gerou tristeza e indignação generalizadas, com os enlutados, incluindo familiares e colegas artistas marciais, prestando homenagem ao querido ícone do esporte. Na época, Velozo alegou legítima defesa, com seu advogado afirmando: “Sua ação foi legítima. Ele estava cercado por seis caras do jiu-jitsu.” Atualmente, Velozo permanece em prisão preventiva no Presídio Militar Romão Gomes, com o caso tramitando em segredo de justiça e sem data de julgamento marcada.

As reflexões de Gracie sobre a morte de Lo e sua ênfase na moderação e na humildade vêm com uma camada de complexidade, já que alguns aspectos de seu passado foram marcados por brigas de rua enraizadas no ego e no orgulho. Em sua autobiografia RespirarRickson Gracie relata episódios de intensas rivalidades pessoais. Esta evolução nas suas opiniões, de uma vida moldada por confrontos competitivos para a defesa da paz e da sabedoria, sublinha o crescimento e as complexidades da sua filosofia. Embora alguns possam questionar o uso de uma história trágica para ilustrar seu ponto de vista, a mensagem de Gracie serve como um lembrete claro da linha tênue entre confiança e excesso de confiança, e das consequências às vezes fatais de cruzá-la.

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