Em recente e reveladora discussão no Podcast Lytes Out, Roland Sarria, pioneiro no cenário dos esportes de combate no Arizona e fundador do lendário evento Rage in the Cage MMA, esclareceu por que deixou a academia de Rickson Gracie. Sua história oferece um vislumbre da dinâmica complexa da cultura inicial do Jiu-Jitsu brasileiro e de sua jornada pessoal de crescimento e independência.
“Parecia um culto”
Roland não mediu palavras ao descrever suas primeiras experiências na academia de Rickson Gracie. “Desde cedo soube que não fazia parte do culto brasileiro”, comentou. Na década de 1990, a natureza insular e secreta de muitas academias de Jiu-Jitsu representava desafios para quem estava de fora que buscava mergulhar totalmente na arte. Para Roland, essa exclusividade parecia sufocante.
“Naquela época, parecia um culto e eu sabia que meu crescimento seria limitado – sendo promovido e aprendendo”, explicou ele. Ele percebeu uma resistência sutil por parte de seus instrutores, que pareciam relutantes em aceitá-lo totalmente como parte de seu círculo.
Uma luta por oportunidades justas
Um dos momentos mais surpreendentes da entrevista ocorreu quando Roland relembrou como seus instrutores favoreciam seus parceiros de treinamento – muitas vezes cidadãos brasileiros – em detrimento dele. “Não gosto de subir no tatame com um brasileiro, e meus próprios instrutores estão treinando o outro cara em vez de mim”, disse ele. Essa experiência reforçou sua decisão de sair e buscar um ambiente onde sua dedicação e habilidades fossem plenamente reconhecidas.
O papel das aulas particulares
Para acompanhar, Roland investiu pesado em aulas particulares. “Fiz muitas aulas particulares para poder aprender em um ritmo mais rápido”, ele compartilhou. Apesar dos seus esforços, a natureza criminosa do ambiente revelou-se demais. “Era muito secreto naquela época”, observou ele, insinuando a maneira cautelosa como as técnicas eram compartilhadas na academia.
Uma escolha pessoal para abrir um novo caminho
Para Roland, o choque cultural estendeu-se além do tatame. “Tudo o que eles queriam fazer – muitos deles – era fumar maconha e qualquer outra coisa. E eu não gostava muito disso”, revelou. Esta desconexão entre os seus valores e a cultura predominante solidificou ainda mais a sua decisão de sair e criar algo próprio.
De aluno a líder
A saída da academia de Rickson Gracie foi um momento crucial na carreira de Roland. Ele canalizou as lições que aprendeu – dentro e fora do tatame – para fundar o Rage in the Cage, uma das promoções de MMA mais duradouras e respeitadas do Arizona. Ao longo dos anos, ele treinou centenas de lutadores, incluindo 21 veteranos do UFC, e organizou mais de 1.000 eventos esportivos de combate. A história de Roland Sarria é uma prova da importância de permanecer fiel aos próprios valores e buscar ambientes que estimulem o crescimento. Sua saída da academia de Rickson Gracie não foi apenas uma decisão pessoal, mas também um trampolim para se tornar um pioneiro no mundo do MMA e dos esportes de combate. À medida que ele continua a construir o seu legado, as experiências de Roland servem de inspiração para aqueles que navegam nos desafios do mundo competitivo das artes marciais.
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