Em uma discussão instigante em podcast com outra lenda do Jiu-Jitsu brasileiro Jean-Jacques Machadoo icônico Rickson Gracie levantou uma questão crítica enfrentada pela comunidade global de Jiu-Jitsu: a crescente ênfase no treinamento focado na competição nas escolas modernas de jiu-jitsu. Gracie, reverenciado por sua abordagem holística do jiu-jitsu como arte marcial e sistema de autodefesa, acredita que o estado atual do treinamento está alienando um grande segmento de estudantes – os praticantes casuais que constituem a maioria dos praticantes de Jiu-Jitsu em todo o mundo. .
“Da Arte Marcial ao Esporte”
Refletindo sobre sua experiência de décadas, Gracie compartilhou como o jiu-jitsu de hoje se tornou quase irreconhecível desde suas raízes em termos de foco e intenção. Ele explicou, “O Jiu-jitsu é muito voltado para a competição, para a pontuação, para o tempo, para as divisões de peso, para o uso do kimono. Você se torna mais um atleta em vez de um artista marcial.” Essa tendência competitiva, embora ótima para aprimorar competidores de elite, pode inadvertidamente criar barreiras para alunos que simplesmente desejam aprender jiu-jitsu como meio de autodefesa, crescimento pessoal ou preparação física.
A mudança cultural competitiva
Torneios modernos de Jiu-Jitsu, com seus intrincados sistemas de pontuação, divisões de peso e regras altamente especializadas, técnicas de recompensa e estratégias projetadas exclusivamente para a vitória dentro desses limites. Como resultado, as escolas muitas vezes estruturam o seu currículo em torno destas necessidades competitivas, deixando de lado as técnicas fundamentais de autodefesa e a mentalidade adaptável que originalmente tornaram o Jiu-Jitsu acessível a qualquer pessoa, independentemente da idade, tamanho ou sexo. O foco a laser nas habilidades prontas para a competição, de acordo com Gracie, pode se tornar um impedimento para estudantes casuais que não desejam competir, mas ainda assim buscam mergulhar na arte.
Alienação de estudantes casuais
Gracie ressaltou que aproximadamente 90% dos alunos não pretendem competir. Para esses indivíduos, as intensas rotinas de treinamento, os exercícios focados em pontos e a ênfase estreita nas estratégias de “vencer a todo custo” não se alinham com seus objetivos ou estilos de vida. O estudante casual muitas vezes entra em uma academia de Jiu-Jitsu em busca de alívio do estresse, construção de confiança, habilidades práticas de autodefesa ou simplesmente para desfrutar da forma de arte. No entanto, quando o ambiente de treino reflecte a estrutura e intensidade de um campo de torneio, corre-se o risco de desencorajar estes alunos de se envolverem plenamente ou mesmo de continuarem a sua jornada de treino.
O equilíbrio entre tradição e modernidade
Gracie defende uma abordagem mais equilibrada que respeite e nutra as raízes do jiu-jitsu como uma arte marcial completa, onde a competição é uma faceta – não a totalidade – da experiência de treinamento. Ele prevê que as escolas promovam ambientes onde a autodefesa, a adaptabilidade, a fluidez técnica e o crescimento pessoal tenham igual importância ao lado do treino de competição. Esta filosofia equilibrada, de acordo com Gracie, acolheria um espectro mais amplo de praticantes e, em última análise, fortaleceria a comunidade global de Jiu-Jitsu, garantindo que ela permanecesse inclusiva e acessível.
Um caminho a seguir?
As reflexões do lendário mestre servem como um alerta para instrutores, proprietários de escolas e praticantes: o jiu-jitsu pode evoluir sem alienar seu público principal? Como as escolas podem atender melhor às diversas razões pelas quais as pessoas pisam no tatame? Para Gracie, a resposta está em recuperar a essência do Jiu-Jitsu como um estilo de vida e uma arte marcial enraizada na autodefesa, resiliência e adaptabilidade – não apenas como um esporte medido por medalhas e elogios.
A crítica de Rickson Gracie atinge o cerne de um diálogo contínuo no mundo das artes marciais. Ao voltar para um modelo de treinamento mais holístico, talvez a comunidade do Jiu-Jitsu possa reacender a paixão e a acessibilidade que a tornaram uma das artes marciais mais transformadoras do mundo, garantindo que cada aluno – competitivo ou casual – se sinta bem-vindo e fortalecido.
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